
PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA
Mais energia para o progresso, para o turismo e para o futuro de Pirassununga
HISTÓRIA
EMAS VELHA
Em 1916, a produção da Usina de Corumbataí, de propriedade da Sociedade Anônima Central Elétrica Rio Claro, tornou-se insuficiente para atender o crescimento da demanda de energia elétrica na região, particularmente a da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, maior consumidora da S.A. Central Elétrica Rio Claro, na cidade de ltirapina. A empresa contratou, entre 1916 e 1917, a compra de energia elétrica das firmas Rawlinson e Muller e da Companhia de Eletricidade de São Carlos, permitindo adiar a construção de nova usina prevista para ampliar a capacidade de geração própria. Entretanto, o aumento do custo da energia comprada (de 17 para 80 réis o kWh) apressou a decisão de começar as obras da usina, em terras de sua propriedade, às margens do rio Mogi Guaçu.

As terras foram adquiridas em duas oportunidades: a primeira, em 1912, de Theodor Wille e Cia. e a segunda, em 1920, do Dr. Alberto de Almeida Prado, constando de mais de 130 alqueires na margem direita do rio Mogi Guaçu.
A partir de então começaram os trabalhos de captação e represamento das águas do rio, para aproveitamento do potencial hidráulico de “Cachoeira de Emas”, a 10 km da cidade de Pirassununga.
As obras desenvolveram-se lentamente, devido ao mau tempo e cheias constantes. Também foram retardadas pela ocorrência de malária entre os trabalhadores.
A montante da cachoeira, cujo desnível é de sete metros, construiu-se uma barragem tipo gravidade. Das comportas da barragem saía o canal adutor escavado em rocha diretamente para a câmara das turbinas.
A casa das máquinas de alvenaria de tijolos com argamassa de cimento, abrigava três conjuntos geradores, de procedência norte americana. Os grupos I e lI eram constituídos por turbina “Morgan-Smith” tipo Francis, eixo vertical, 1.000 HP, gerador “Westinghouse”, 750 kVA e transformador “Oerlikon” 1.500 kVA. O grupo IlI era constituído de turbina “F.Neumayer”, tipo Propeller, eixo vertical, 1.925 HP, gerador “Asea” 1.750 kVA e transformador “Asea”, 1.750 kVA.
A escada de peixes foi construída simultaneamente à construção da barragem, antes mesmo da exigência legal da construção destes mecanismos ocorrida em 1927 (Lei Estadual nº 2.250/1927).
O conjunto compreendia, ainda, onze casas para os funcionários, além de um rancho para ferraria e outro para materiais.
A usina foi inaugurada em 9 de outubro de 1922. A linha tronco de transmissão, que partia para Rio Claro, era de 12 kV e 50 ciclos por segundo. A nova usina permitiu a substituição de energia anteriormente comprada e o fornecimento de energia elétrica para o município de Pirassununga, em vista da concessão adquirida da S.A. Central Elétrica São Valentim, em 1923. Dessa usina, restam a barragem, escada de peixes, canal de adução e o prédio da casa de máquinas, sendo que todos os equipamentos foram removidos.



EMAS NOVA
Em plena segunda guerra mundial, a S.A. Central Elétrica Rio Claro, atendendo a novo aumento da demanda de energia elétrica, iniciou a construção de Emas Nova, ao lado do canal de adução da antiga usina de Emas. As duas unidades seriam servidas pelas mesmas obras hidráulicas, possuindo, porém, casas de máquinas independentes. Para coordenar os trabalhos, foi contratado o engenheiro Francisco Godoy.

O início das obras data de 1940, levando dois anos para ser concluída. Embora fosse aproveitado o mesmo canal, este teve de ser alargado em mais 12 m, para servir à nova usina, que se situava do seu lado esquerdo, aproximadamente, no meio de seu curso.
Para a execução da casa de máquinas e o respectivo tubo de sucção, foi necessário o desmonte de 18 m³ de rocha maciça, compreendendo um volume de 20 m de largura, por 15 m de profundidade e 60 m de comprimento.
A casa de máquinas de concreto e tijolos, abrigava um conjunto gerador constituído de turbina de fabricação suíça, “Charmilles”, tipo Kaplan, eixo vertical, 4.600 HP, gerador “Oerlikon” 4.200 kVA e transformador, também, “Oerlikon”, 4.200 kVA.
As duas usinas, Emas Velha e Emas Nova, estavam interligadas entre si na parte de baixa tensão. A interligação ao sistema era feita por duas linhas de transmissão: a primeira, na tensão de 12 kV, até a cidade de Leme com uma extensão de 30 km; a segunda até a cidade de Limeira com tensão de 44 kV e comprimento de 77 km. Da linha de 44 kV, foram feitas duas tomadas de corrente: uma em Leme e outra em Araras.


Em 1942, foi proposta a construção de nova escada de peixe, mais moderna e adequada. O seu volume era de 820 m³, sendo construída totalmente em cimento armado. O projeto de remodelação datava de 1933, mas a sua execução realizou-se, apenas, em 1943.
A Usina de Emas Nova tinha capacidade de 5.000 HP. Esse complexo chegou a ser responsável por 42% do total da energia gerada pela Sociedade Anônima Central Elétrica Rio Claro, até 1952. Todo o sistema da empresa até 1956, era sustentado por elas, num total de 8.000 HP.
Sob a supervisão do engenheiro Francisco Godoy, as duas usinas foram reformadas em 1946. Os serviços executados constavam dos seguintes itens: reforço do vertedouro junto às máquinas da Usina Velha; aumento do paredão junto à ponte que ligava a Pirassununga; parede de arrimo à jusante da usina Velha; levantamento e prolongamento de toda a plataforma da barragem e reforços laterais; construção da plataforma de manobras da Usina Nova, toda em cimento.
Em 1964, a S.A. Central Elétrica Rio Claro foi vendida para a Companhia Hidrelétrica do Rio Pardo (Cherp), e em 1966, a Cherp foi incorporada à Centrais Elétricas de São Paulo S.A. – CESP, criada neste ano.
A cheia de 1970 inundou a usina resultando na sua paralização e retomada da operação apenas em 1974. Em 1975, problemas mecânicos deixaram novamente a usina inoperante até 1983. Entre 1982 e 1983 passou por um processo de recuperação, adequação e reforma de suas estruturas, mas acabou sendo definitivamente desativada em 1987.
Em 1995, em função do acúmulo de entulhos nos vãos dos vertedouros, ocorreu um rompimento em parte das estruturas da barragem, na ombreira da margem esquerda, reduzindo a área do reservatório para a condição atual. Nos reparos então realizados pela CESP foram eliminados os pilares dos vertedouros e a laje superior que constituía a crista da barragem, transformando os vãos numa soleira livre contínua, além de estendê-la por mais de 36 m na ombreira esquerda. Com esta intervenção, o reservatório que operava no nível 548,30 m, passou a operar normalmente no nível 547,15 m, perdendo 1,15 m de sua queda.
Em 1998, a CESP transferiu a concessão para a Elektro Eletricidade e Serviços S.A. Com a segregação entre geração e distribuição, em 2006, a concessão passou para a Elektro Geração S.A. Em 2008, a concessão passou para a Aratu Geração S.A.
Em 2011, a ARATU obteve a Licença Ambiental para a reativação da PCH Emas Nova com capacidade instalada de 3,0 MW e a restauração do nível do reservatório para o nível 548,00 m.

Em 2014 o projeto foi revisado e a potência instalada ampliada para 10 MW, mediante realocação da casa de força para o local da usina velha, com demolição das estruturas antigas existentes e reconstruções para abrigar 2 turbinas Kaplan com potência de 5 MW cada, bem como o alteamento da barragem com a elevação do nível do reservatório para 548,30 m.
Com a recessão econômica brasileira e forte redução da demanda e baixa nos patamares de preço de energia, o desafio passou a ser viabilizar os custos da reativação da usina. Neste cenário, novas tecnologias foram vislumbradas, sobretudo em equipamentos de geração (conjunto turbina-gerador), resultando em uma reconfiguração do projeto anterior, com potência instalada de 7,215 MW em uma nova casa de força construída a jusante do prédio da usina velha para a instalação de 10 turbinas tipo StreamDiver®, mas sem qualquer alteração na barragem e reservatório.
Fontes:
LIVRO: S.A. Central Elétrica Rio Claro. História Da Energia Elétrica Em São Paulo.
Edição Única. Rio Claro: CESP, 1986.
LIVRO: FOGUEL, Israel. Cachoeira De Emas: Lindo Recanto De Amores. 1º Edição.
Pirassununga: Editora Clube De Autores, 2020.